quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A família de Dona Vassourina


Ouvir essas palavras em um início de conversa traz tantas sensações, não é mesmo? Quando alguém começa uma história com essas palavrinhas mágicas é como se tudo fosse permitido, a partir dali.
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Nossas defesas são desarmadas e quando gostamos de uma boa história, nos preparamos para ouvir com toda atenção do mundo a narrativa daquela pessoa. Somos envolvidos pela magia das histórias encantadas, das lendas, dos causos, da prosa simples. E por falar nisso...
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Era uma vez, num reino muito distante, num cantinho de uma parede qualquer, uma vassoura de palha. Claro que não se tratava de uma vassoura de palha qualquer. Era a respeitadíssima Vassourina. Famosa pelo cuidado e esmero com que mantinha sempre impecável o chão pelo qual passava.
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Contava com a ajuda da sua filha Pazina, a delicada pá, que carinhosamente e cuidadosamente recolhia e transportava em seu corpo todo o resultado da limpeza de mamãe Vassourina.
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A família de Vassourina e Pazina se completava totalmente com o grande e honrado Lixário, um nobre cesto de lixo, onde eram recolhidos e guardados, até o transporte final, todo os detritos recolhidos por Pazina e Vassourina.
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Tratava-se de uma família feliz e admirada naquele reino por todos os outros. Dona Janelina sempre de prosa com com Dona Portanália ressaltava o quanto eles se completavam. E isso era tão difícil e raro de encontrar naquele reino e exemplificavam:
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- Vejam o Sr. Bacionildo! Ele e a Dona Tornerilda nunca entram em acordo. Ora ele sai antes e deixa a pobrezinha jorrando água à toa, ora é ela que derrama tanta água que transborda o coitado!
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- E olha que a tarefa daquela família nem é das melhores! Ficar limpando a sujeira que as pessoas deixam por aí! - Lembra bem, Dona Janelina.
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- Também a vida deles é fácil. Quase nem tem tanta sujeira assim! Eu que sofro, com tanto entra e sai. De noite estou até com dor nas dobradiças! - retrucou com certa inveja a Dona Portanália.
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E um dia resolveram testar a união e paciência daquela família. Era uma tarde outono em que ventava muito. Milhares de pequenas folhas espalhadas pelo campo formavam pequenos redemoinhos bailarinos. Dona Portánalia sugeriu:
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- Ei amiga! Vamos nos manter abertas durante essa ventania. Vai ser aquela bagunça por aqui. Certamente eles perderão a paciência!
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Assim foi feito. Logo as salas e demais cômodos estavam repletos de folhas secas e poeira trazidas pelo vento.
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Dona Vassourina logo começou pacientemente seu trabalho, com toda dedicação e paciência de sempre. Aos poucos as salas foram sendo limpas. Logo perceberam que ela não desanimava e perceberam ainda que sempre estavam por perto, o Sr. Lixário e Pazina.
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Ambos ficavam acompanhando e encorajando Vassourina na sua tarefa. Cantavam músicas que a estimulava a trabalhar contente. Diziam que ela estava indo muito bem e que ficasse tranquila, pois os dois estavam ali, prontos para recolher e armazenar todo o resultado de seu trabalho.
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E sempre que tinha uma grande pilha de folhas, Pazina pedia a mãe que descansasse um pouco e observasse como ela era ágil no recolher de folhas e como o papai era forte e espaçoso.
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Foram horas de trabalho duro. Dona Janelina e Dona Portánalia envergonhadas por terem provocado aquela bagunça toda e ao mesmo tempo admiradas com a maneira como aquela família encarava a dificuldade, aos poucos aprendia uma lição.
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Ao final do trabalho, embora cansados da jornada árdua, deram um grande abraço fraterno e agradeceram por terem uns aos outros. Agradeceram aos céus por terem capacidades diferentes, que quando juntas eram capazes de fazerem por completo suas tarefas. Cada um sozinho, de nada servia. porém unidos eram responsáveis por toda limpeza do reino.
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Dona Vassourina olhou nos olhos de Pazina e disse:
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- Muitos acham que somos os piores do reino, que vivemos na sujeira. Isso não é verdade minha filha. Eu, você e seu pai no fundo somos os grandes guardiões da higiene de todo o reino. Trabalhamos todos os dias para ressaltar o que cada ambiente tem de mais belo. Tornamos a vida das pessoas que aqui vivem e de todos os nossos amigos mais brilhante!
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- Minha filha, somos aquilo que acreditamos ser! Somos aquilo que desejamos e fazemos ao outro. Lembre-se disso! - finalizou papai Lixário.
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E todos daquela família continuaram sendo admirados e claro que foram felizes para sempre!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Reunião das Lendas


Luís adorava acampar na floresta. Sempre que podia, lá estava ele com sua mochila nas costas e sua inseparável barraca.

Claro que ele era muito cuidadoso com a natureza. Evitava jogar lixo na mata e principalmente poluir os rios.
E ficava muito triste quando ouvia as notícias de desmatamentos, de poluição e principalmente do desperdício das águas do nosso planeta!

Os amigos de Luís o apelidaram de Menino-natureza. E era assim que brincavam com ele. Menino-natureza daqui, menino-natureza dali. Eles sempre brincavam com o seu jeito - todo cuidadoso - com os recursos naturais.
Aquele final de semana de agosto era especial. Ele iria para um camping muito bonito. Lá tinham várias cachoeiras, trilhas, árvores de várias espécies, muitos pássaros e animais silvestres. Era um lugar lindo! O dia de sua viagem estava marcado, 22 de agosto!

Ele logo pensou: Puxa! É o dia do folclore! Que dia legal para se estar em contato com a natureza!

E lá foi ele. Chegou bem cedinho. Aproveitou o dia e à noite encontrou com outras pessoas do camping. Eram pessoas de todos os lugares do Brasil. Lá havia um homem mais velho que lembrava o avô dele. Seu nome era Belmiro. Seu Belmiro, todos os chamavam.

A noite estava linda, era lua cheia. Resolveram fazer uma fogueira, com restos de galhos que encontraram. Lá, todos se preocupavam com as matas, por isso tomaram todos os cuidados para não destruírem nada. Existia um lugar próprio para fazer fogueiras no camping e foi lá que todos se reuniram.

Conversa vai, conversa vem e Seu Belmiro resolveu contar uma história que ouvira há muito tempo. A história se chamava “A Reunião das Lendas!”

Era uma noite igual a esta, começou ele. Os homens estavam descuidando da natureza. Viviam poluindo os rios, jogando lixo nas matas, desperdiçando água. Reciclar o lixo? Nem pensar! Era uma verdadeira bagunça!

E do jeito que as coisas iam, os rios começavam a ficar ameaçados. Com o montão de sujeira que lá jogavam, as águas ficaram escuras e os leitos cheios de lixo. Isso fazia com que a água ficasse parada e poluída!

As matas sofriam com as queimadas e com a destruição das árvores. O ar estava péssimo! Muitos animais estavam ficando sem suas casas! Lixo se acumulava por todo lado! E o homem? Nem ligava!

E como os homens não faziam nada, o jeito foi o Curupira convocar uma reunião com urgência! O Curupira é um dos protetores da matas. Ele a protege dos caçadores malvados, que maltratam os bichinhos, dos ladrões de árvores e daqueles que queimam as matas! E foi ele quem deu o sinal! Todos ouviram o seu som ecoando mata a dentro!


A primeira a chegar foi a Dona Caipora. E chegou perguntando:
- Por qual razão o Curupira está chamando todas as lendas do Brasil? Eu estava lá no Nordeste cuidando de uns caçadores malvados! Espero que seja importante!
- Claro que é Dona Caipora – respondeu o Curupira e continuou – É que os homens estão muito descuidados. Precisamos nos unir para proteger a natureza! Logo chegarão os outros!

- Não me diga que você chamou até aquele negrinho desaforado do Saci? E ainda mais agora, que ele tem até dia dele, no calendário! Anda muito metido, aquele danado!
- Ele vem também! - O Curupira riu, com os comentários da Caipora!

- E olhe aí! É só falar que ele aparece! – Emendou o Curupira
O Saci-Pererê chegou em grande estilo. Num redemoinho tão rápido, que as folhas secas até voaram. E logo pra cima de quem? Pois é. Da Caipora!
- Viu só! Olha como ele é abusado! Precisa chegar fazendo essa bagunça toda! – Falou a mal humorada da Caipora!
- Olá pessoal! Espero que a reunião seja importante, por que eu tava dando uns nós nas roupas de uns pescadores desnaturados, lá no rio que tomo conta! Vocês acreditam que eles matavam os peixes que não queriam e devolviam para os rios! Coitados! Ah! Não perdoei. Quando foram tomar banho peguei as roupas deles, eu dei vários nós e escondi no meio mata. Depois fui até o rio e fiz uns barulhos que eles ficaram morrendo de medo. Vamos ver se eles aprendem a lição!
O Saci é fogo. Ele adora pregar peças nos outros! Sempre aprontando com aqueles que desrespeitavam as florestas e os rios! E por falar em rio, logo todos ouviram o canto da Iara, a Mãe D’água, lá no riozinho. Correram todos pra lá!

A Iara é a protetora dos rios. E ela chegou bem na hora que o Saci terminava sua história. Ela contou que sempre assusta os pescadores malvados e protege os peixinhos indefesos. Ela também cuida para que não joguem lixo nas águas.

Aos poucos, todos foram chegando o Boitatá, O Curu-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, o Negro-Dágua e o Boto!

Bem, estava todo mundo ali! A reunião iria começar! Curupira toma a palavra:

- Meus amigos! Precisamos nos unir, pois os homens estão destruindo a natureza! É importante que todos nós estejamos unidos. Cada um no seu lugar, protegendo suas matas e rios próximos.

- Mas Curupira, tem gente que não acredita mais na gente! Nem sabe quem nós somos. Eles desdenham da Caipora, do Saci, enfim, de todos nós!

- De mim, ninguém caçoa! Gritou o Saci lá do fundo – Se começam a rirem do Saci, eu logo dou uma lição neles! Oras! Onde já se viu! Caçoar do Saci! O Saci que caçoa de todo mundo!

As demais lendas caíram na gargalhada, com a bagunça do Saci. Menos a Caipora, que não gostava nada, daquelas brincadeiras!

- Esse Saci é mesmo um abusado! – Resmungou ela!

E o Saci não deixou por menos, apareceu bem do lado da Caipora, dando aquele susto nela!
- Sai pra lá moleque atrevido – Gritou ela!

Todos caíram na risada. Foi preciso o Curupira pedir silêncio, para continuar a reunião.

- Bem, Dona Iara, Negro-Dágua e Boto protejam as águas, ensinando os pescadores malvados e aqueles que jogam lixos no rio!

- Saci-Pererê e Negrinho do Pastoreio fiquem de olhos naqueles fazendeiros que maltratam os animais e os empregados. Também fiquem de olho nos cavaleiros e caçadores que andam pelas matas, acendendo fogueiras em lugares que coloquem em risco nossas matas. Nada de queimadas!

- Eu, o Curupira, a Dona Caipora, e o Boitatá, protegeremos as florestas e os animais.

- O Curu-Pererê ficará encarregado de cuidar das pessoas da cidade. Ele ficará atento se as pessoas jogarão lixo no chão e nos rios da cidade, no desperdício de água e energia elétrica.
- Será que isso vai dar certo? Perguntou o Saci. Alguém precisa ajudar a gente!
- Eu tive uma idéia! - Gritou o Negrinho do Pastoreio. – E se a gente pedisse a ajuda das crianças! Elas são nossas amigas e com certeza acreditarão na gente!
Todos aplaudiram o Negrinho. A ideia era ótima!
- Agora, como as crianças saberiam que precisamos delas? Perguntou a Caipora. – Precisamos de um sinal!
E foi aí que o Saci teve uma ideia de avisar as crianças de uma maneira bem simples.
- Toda noite de Lua Cheia será dia de lembrar-se do Planeta! As crianças olharão para o céu e avisarão seus pais que precisam cuidar das águas, das matas, que precisam economizar água e energia elétrica. Também precisam aprender como reciclarem seus lixos! O que acham?
Todos adoraram. E ficou decidido. A partir daquela noite, todas as noites de Lua Cheia era dia de lembrar-se do Planeta. As crianças começaram a ajudar as lendas e logo as matas foram ficando mais bonitas, os bichos mais felizes, os rios mais limpos e as cidades organizadas. Graças às lendas e a todas as crianças que ouviram essa história.
Seu Belmiro terminou e nos perguntou:
- Quem quer ajudar a proteger o Planeta? Olha a Lua Cheia no céu! Hoje é dia de ajudar as lendas!
E todos nós gritamos:
- Eu!!!!!!!!!!!
E a partir daquela noite, sempre que olhava para o céu e via a Lua Cheia brilhando lá no alto eu me lembrava que precisa cuidar mais do planeta!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O menino do dedo azul e o passarinho

E Lucas foi crescendo, crescendo e sempre alegrando seus pais, com suas brincadeiras e bom humor. Todos ficavam impressionados como aquele menino era alegre e sempre de bem com a vida. Agora ele já estava com 4 anos.
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Claro que brincavam com o fato de ele ter seu dedinho indicador azul. E diziam que era justamente o motivo de tanta alegria.
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Um dia Lucas estava com sua mamãe, caminhando no bosque que ficava pertinho da sua casa e encontrou um passarinho caído, no meio do caminho.
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Ele ficou todo tristinho por causa daquele pobre passarinho está alí caído. E tão logo avistou o pássaro, chamou a mamãe dele:
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- Mamãe, venha ver o que encontrei aqui. Venha rápido, por favor!
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- O que foi meu filho? Perguntou a mãe de Lucas, enquanto corria até o lugar em que ele estava.
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- Olha mamãe, é um passarinho machucado. Estou com medo de pegá-lo e machucar ele ainda mais.
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A mãe de Luca viu que ele tava com a asinha quebrada e ainda conseguia andar, com certa dificuldade. Então ela pediu para que Lucas pegasse-o com cuidado e fizesse carinho, bem devagar no passarinho, para acalmá-lo, enquanto ele procurariam ajuda ou no mínimo um lugar seguro para ele.
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- Mamãe, podemos ficar com ele, podemos? Ele é tão bonitinho. Tadinho nem consegue voar.
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- Podemos sim, Lucas. Só que até ele melhorar. Lembre-se ele é da natureza e não nasceu pra ficar preso dentro de casa. Tudo bem pra você assim?
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- Tudo mamãe, falou tristinho, porém entendendo que a mamãe estava certa.

Enquanto caminhavam ele começou a fazer carinho na asinha do passarinho. E sem querer ele começou a passar o dedo azul sobre a asa machuca dele. E assim ele ficou durante alguns minutos.

De repente, o passarinho começou a ficar mais animadinho na mãozinha de Lucas e eles pararam no meio do caminho pra observar melhor como ele estava.

- Mamãe, mamãe, olhe o Ludovico (ele já havia arranjado um nome para o passarinho) está se mexendo mais. Ele tá ficando bom. Veja!

A mamãe de Lucas ficou curiosa. Ela mesmo vira que o passarinho estava com a asa quebrada. Não poderia ficar bom tão rápido. E pediu para segurá-lo um pouco, enquanto Lucas fazia seus carinhos no bichinho machucado.

Ela percebeu que a medida que ele passava o seu dedinho azul na asinha do passarinho, mais fortinho ele ficava. Parecia fantasia dela, mas ela pediu pra ele continuar com os carinhos dele:

- Luquinha continua fazendo carinho no Ludovico, bem devagarinho. Isso....isso...

E aos poucos, o passarinho foi se animando, se animando e de repente....Ludovico (como Luquinha havia apelidado o passarinho) começou a bater suas asinhas e a mamãe de Lucas abriu suas mãos e ele começou a voar, como se nada tivesse acontecido.
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Era isso! Lucas tinha um dedo mágico!
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O que será que aconteceu depois dessa descoberta?

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Era uma vez...

Era uma vez, numa terra muito distante, além do arco-íris, uma família muito especial.
Vocês agora devem estar se perguntando por que a famila dessa história era tão especial e eu estava aqui, me preparando para lhes contar exatamente isso: A razão dessa família ser tão especial!
Naquela casa vivia um casal cheio de amor e carinho e eles estavam radiantes naquela época, pois estavam esperando a chegada do seu primeiro filho. Certamente seria um bebê lindo!
E os dias, quando estamos muito felizes, passam rapidinho. Não é mesmo?
E foi assim com aquele futuro papai e com aquela futura mamãe. Futuros nada! Eles já eram pai e mãe há muito tempo! Desde o dia em que souberam que seu bebê chegaria.
Foi num dia, com um arco-iris no céu, que chegou aquele bebê mais que especial e que fez com que aquela família se tornasse mais especial ainda. Ele era um lindo menino sorridente.
Papai e mamãe estavam radiantes com a sua chegada e no primeiro momento nem perceberam um detalhe interessante sobre o seu bebê.
Bastou passar a euforia inicial e eles notaram algo em especial. Primeiro foi a mamãe que percebeu, que estava com ele abraçadinho em seu colo. Depois foi o papai, que o pegou em seguida, para abraçá-lo também.
Quando papai abraçou seu pequeno junto ao peito e percebeu a surpresa, olhou para a mamãe, que também havia percebido. Seu filho tinha, na mão direita, o dedo indicador azul. Totalmente azul. Um azul lindo! Aquele minúsculo dedinho de bebê, todo azulzinho!
Primeiro pensaram que se tratava de alguma sujeirinha ou talvez algum lençol teria soltado tinta azul no dedinho do bebê. Claro que não era. Nem havia lençol azul por ali e muito menos sujeirinhas. O dedo dele era mesmo azul. Nascera assim desse jeito. Com o dedinho azul!
Vocês podem pensar que eles ficaram tristes, né? Não ficaram! Ficaram muito felizes. Certamente havia algo especial em seu bebê, que resolveram chamar de Lucas ou Luquinha ou como ficaria conhecido naquela região onde nascera, crescera e vivera, "O Menino do Dedo Azul"!
E assim começa a nossa história! E agora que vocês já sabem, por que essa familia era tão especial, vamos descobrir outras coisas...aos pouquinhos...