Luís adorava acampar na floresta. Sempre que podia, lá estava ele com sua mochila nas costas e sua inseparável barraca.
Claro que ele era muito cuidadoso com a natureza. Evitava jogar lixo na mata e principalmente poluir os rios.
E ficava muito triste quando ouvia as notícias de desmatamentos, de poluição e principalmente do desperdício das águas do nosso planeta!
Os amigos de Luís o apelidaram de Menino-natureza. E era assim que brincavam com ele. Menino-natureza daqui, menino-natureza dali. Eles sempre brincavam com o seu jeito - todo cuidadoso - com os recursos naturais.
Aquele final de semana de agosto era especial. Ele iria para um camping muito bonito. Lá tinham várias cachoeiras, trilhas, árvores de várias espécies, muitos pássaros e animais silvestres. Era um lugar lindo! O dia de sua viagem estava marcado, 22 de agosto!
Ele logo pensou: Puxa! É o dia do folclore! Que dia legal para se estar em contato com a natureza!
E lá foi ele. Chegou bem cedinho. Aproveitou o dia e à noite encontrou com outras pessoas do camping. Eram pessoas de todos os lugares do Brasil. Lá havia um homem mais velho que lembrava o avô dele. Seu nome era Belmiro. Seu Belmiro, todos os chamavam.
A noite estava linda, era lua cheia. Resolveram fazer uma fogueira, com restos de galhos que encontraram. Lá, todos se preocupavam com as matas, por isso tomaram todos os cuidados para não destruírem nada. Existia um lugar próprio para fazer fogueiras no camping e foi lá que todos se reuniram.
Conversa vai, conversa vem e Seu Belmiro resolveu contar uma história que ouvira há muito tempo. A história se chamava “A Reunião das Lendas!”
Era uma noite igual a esta, começou ele. Os homens estavam descuidando da natureza. Viviam poluindo os rios, jogando lixo nas matas, desperdiçando água. Reciclar o lixo? Nem pensar! Era uma verdadeira bagunça!
E do jeito que as coisas iam, os rios começavam a ficar ameaçados. Com o montão de sujeira que lá jogavam, as águas ficaram escuras e os leitos cheios de lixo. Isso fazia com que a água ficasse parada e poluída!
As matas sofriam com as queimadas e com a destruição das árvores. O ar estava péssimo! Muitos animais estavam ficando sem suas casas! Lixo se acumulava por todo lado! E o homem? Nem ligava!
E como os homens não faziam nada, o jeito foi o Curupira convocar uma reunião com urgência! O Curupira é um dos protetores da matas. Ele a protege dos caçadores malvados, que maltratam os bichinhos, dos ladrões de árvores e daqueles que queimam as matas! E foi ele quem deu o sinal! Todos ouviram o seu som ecoando mata a dentro!
- Por qual razão o Curupira está chamando todas as lendas do Brasil? Eu estava lá no Nordeste cuidando de uns caçadores malvados! Espero que seja importante!
- Claro que é Dona Caipora – respondeu o Curupira e continuou – É que os homens estão muito descuidados. Precisamos nos unir para proteger a natureza! Logo chegarão os outros!
- Não me diga que você chamou até aquele negrinho desaforado do Saci? E ainda mais agora, que ele tem até dia dele, no calendário! Anda muito metido, aquele danado!
- Ele vem também! - O Curupira riu, com os comentários da Caipora!
- E olhe aí! É só falar que ele aparece! – Emendou o Curupira
O Saci-Pererê chegou em grande estilo. Num redemoinho tão rápido, que as folhas secas até voaram. E logo pra cima de quem? Pois é. Da Caipora!
- Viu só! Olha como ele é abusado! Precisa chegar fazendo essa bagunça toda! – Falou a mal humorada da Caipora!
- Olá pessoal! Espero que a reunião seja importante, por que eu tava dando uns nós nas roupas de uns pescadores desnaturados, lá no rio que tomo conta! Vocês acreditam que eles matavam os peixes que não queriam e devolviam para os rios! Coitados! Ah! Não perdoei. Quando foram tomar banho peguei as roupas deles, eu dei vários nós e escondi no meio mata. Depois fui até o rio e fiz uns barulhos que eles ficaram morrendo de medo. Vamos ver se eles aprendem a lição!
O Saci é fogo. Ele adora pregar peças nos outros! Sempre aprontando com aqueles que desrespeitavam as florestas e os rios! E por falar em rio, logo todos ouviram o canto da Iara, a Mãe D’água, lá no riozinho. Correram todos pra lá!
A Iara é a protetora dos rios. E ela chegou bem na hora que o Saci terminava sua história. Ela contou que sempre assusta os pescadores malvados e protege os peixinhos indefesos. Ela também cuida para que não joguem lixo nas águas.
Aos poucos, todos foram chegando o Boitatá, O Curu-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, o Negro-Dágua e o Boto!
- Meus amigos! Precisamos nos unir, pois os homens estão destruindo a natureza! É importante que todos nós estejamos unidos. Cada um no seu lugar, protegendo suas matas e rios próximos.
- Mas Curupira, tem gente que não acredita mais na gente! Nem sabe quem nós somos. Eles desdenham da Caipora, do Saci, enfim, de todos nós!
- De mim, ninguém caçoa! Gritou o Saci lá do fundo – Se começam a rirem do Saci, eu logo dou uma lição neles! Oras! Onde já se viu! Caçoar do Saci! O Saci que caçoa de todo mundo!
As demais lendas caíram na gargalhada, com a bagunça do Saci. Menos a Caipora, que não gostava nada, daquelas brincadeiras!
- Esse Saci é mesmo um abusado! – Resmungou ela!
E o Saci não deixou por menos, apareceu bem do lado da Caipora, dando aquele susto nela!
- Sai pra lá moleque atrevido – Gritou ela!
Todos caíram na risada. Foi preciso o Curupira pedir silêncio, para continuar a reunião.
- Bem, Dona Iara, Negro-Dágua e Boto protejam as águas, ensinando os pescadores malvados e aqueles que jogam lixos no rio!
- Saci-Pererê e Negrinho do Pastoreio fiquem de olhos naqueles fazendeiros que maltratam os animais e os empregados. Também fiquem de olho nos cavaleiros e caçadores que andam pelas matas, acendendo fogueiras em lugares que coloquem em risco nossas matas. Nada de queimadas!
- Eu, o Curupira, a Dona Caipora, e o Boitatá, protegeremos as florestas e os animais.
- O Curu-Pererê ficará encarregado de cuidar das pessoas da cidade. Ele ficará atento se as pessoas jogarão lixo no chão e nos rios da cidade, no desperdício de água e energia elétrica.
- Será que isso vai dar certo? Perguntou o Saci. Alguém precisa ajudar a gente!
- Eu tive uma idéia! - Gritou o Negrinho do Pastoreio. – E se a gente pedisse a ajuda das crianças! Elas são nossas amigas e com certeza acreditarão na gente!
Todos aplaudiram o Negrinho. A ideia era ótima!
- Agora, como as crianças saberiam que precisamos delas? Perguntou a Caipora. – Precisamos de um sinal!
E foi aí que o Saci teve uma ideia de avisar as crianças de uma maneira bem simples.
- Toda noite de Lua Cheia será dia de lembrar-se do Planeta! As crianças olharão para o céu e avisarão seus pais que precisam cuidar das águas, das matas, que precisam economizar água e energia elétrica. Também precisam aprender como reciclarem seus lixos! O que acham?
Todos adoraram. E ficou decidido. A partir daquela noite, todas as noites de Lua Cheia era dia de lembrar-se do Planeta. As crianças começaram a ajudar as lendas e logo as matas foram ficando mais bonitas, os bichos mais felizes, os rios mais limpos e as cidades organizadas. Graças às lendas e a todas as crianças que ouviram essa história.
Seu Belmiro terminou e nos perguntou:
- Quem quer ajudar a proteger o Planeta? Olha a Lua Cheia no céu! Hoje é dia de ajudar as lendas!
E todos nós gritamos:
- Eu!!!!!!!!!!!
E a partir daquela noite, sempre que olhava para o céu e via a Lua Cheia brilhando lá no alto eu me lembrava que precisa cuidar mais do planeta!